
Redação
O Palácio do Planalto impôs sigilo de até 100 anos aos exames de anticorpos de Covid-19 feitos por Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com a informação divulgada pelo site Metrópoles, o presidente alega, sem base científica, que não se vacinará porque os resultados de testes apontam que ele tem taxa de imunoglobulina suficiente para protegê-lo contra o coronavírus.
A decisão reforça a suspeita de que o chefe do Executivo pode já ter se imunizado ou contraído a doença novamente, sem divulgar.
A Presidência afirmou, em resposta ao Metrópoles, que a disseminação desses dados violaria “intimidade, vida privada, honra e imagem” de Bolsonaro. Para sustentar essa tese, o Planalto citou um dispositivo dessa norma, o qual garante o sigilo por 100 anos.
O pedido foi feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que proíbe, contudo, que essas restrições sejam feitas com o objetivo de prejudicar uma apuração de irregularidades ou recuperação de fatos históricos importantes.
Tese de Bolsonaro é rejeitada por organizações
A Organização Mundial da Saúde (OMS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e especialistas rejeitam essa tese de Jair Bolsonaro, que foi acusado de nove crimes pela CPI da Pandemia no mês passado. O órgão regulador alertou, em nota técnica emitida em 31 de março, que testes de Covid-19 não indicam proteção vacinal.
“Não existe, até o momento, a definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes – que evitam a entrada e a replicação do vírus nas células – para conferir proteção imunológica contra a infecção, reinfecção, formas graves da doença e novas variantes de Sars-CoV-2 em circulação. Por isso, os testes para diagnóstico não podem ser utilizados para determinar proteção vacinal”, escreveu a agência.